Chegamos…
Quando chegamos?
Chegamos cedo demais
quando ainda nem sabemos o que queremos ou chegamos tarde demais quando já há
demasiados padrões a que tendemos pertencer e repetir.
Preferimos a paixão que chega
cedo demais e desaparece ainda mais cedo, ou o amor que por vezes chega tarde
demais e já tem demasiados novelos a enrolá-lo em mistos de desejos, expectativas
ou resoluções de passado?
Oscilo na percepção do que somos e do que queremos.
E acredito que amamos. Pois linhas contínuas não são sinal de vida e linhas que
oscilam depressa demais são sinal de perigo. Gosto de sentir o bater sereno cá
dentro da certeza do que vem.
Chegar longe é chegar
perto, e às vezes o longe fica perto basta redefinirmos onde queremos chegar. Basta
definir altitude e latitude e depois deixar voar como se de um balão de ar
quente se tratasse, que sabe onde quer ir, mas deixa-se levar pelo vento leve e
solto.
Se chegamos longe dizemos
que fomos longe demais, se ficámos por pouco dizemos que faltou o quase e nesta
corda bamba vamos saltitando, olhando o horizonte e desejando o infinito
enquanto nos contentamos com o chão descalço que sentimos. Nem sempre deixamos
que aconteça o verdadeiro encontro, o verdadeiro toque, pois preferimos a vida
certa e constante de uma linha continua que não nos define nem em latitude, nem
em altitude. E por entre partidas e regressos, encontros e reencontros nos
vamos retraçando, reencontrando, perdendo e deixando que os outros se estilhacem em nós. Para que no fim, nos encontremos perdidos em
cada um dos outros que aqui se cruzam.
“Descreve-me a tua
latitude (em mim)… Põe um pouco de delicadeza no que escreveres.”
(adaptado de Thiago Petit)
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